Sobrevoando o Monte Fuji

Sobrevoando o Monte Fuji no Japão

Sobrevoando o Monte Fuji Durante o ano de 95 foram realizados vários ensaios buscando o desenvolvimento da técnica para a realização de voos de altitude.

Esse processo gradual de exploração vertical da atmosfera me possibilitou sobrevoar, a bordo de um balão, o maior vulcão do Japão – Monte Fuji, com 3.776 m de altitude.

O balão de ar quente é uma aeronave que não possui nenhum sistema de direcionamento de voo, tornando o conhecimento da atmosfera peça fundamental para essa aventura, bem como o entendimento dos sinais que ela nos oferece.

Sobrevoar a região do Fuji no mês de novembro exigiu um planejamento totalmente diferente daqueles utilizados em expedições anteriores, desenvolvidas durante o verão. No final do outono, época que ocorreu esta expedição, as correntes de vento em grandes altitudes tornam-se muito fortes atingindo velocidades superiores a 120 km/h.

Sobrevoando o Monte Fuji

Essas monções de inverno foram as responsáveis para que a decolagem fosse realizada a 30 km de distância da base do vulcão com autonomia de voo para atingir 6.000 m de altitude, possibilitando cruzar com segurança a zona de turbulência produzida ao redor de sua encosta.

Todo o desenvolvimento do plano de voo fora baseado em informações fornecidas pelo sistema de meteorologia japonês – informações estas que se mostraram sempre muito valiosas e precisas, determinando o sucesso do projeto.

Diário de bordo

Dia 05 de novembro – após 03 meses de preparativos no Brasil e 04 dias no Japão cuidando dos acertos finais, chegava o momento da decolagem prevista para o dia 06 de novembro. Na noite anterior foi necessário alterarmos o plano de voo original em função da intensidade do vento em altitude cuja velocidade ultrapassava 100 Km/h.

Sobrevoando o Monte Fuji

O plano inicial previa a decolagem num raio de 15 km da base do vulcão – espaço muito reduzido para se atingir uma altitude segura de voo e fugir da zona de turbulência.

Dia 06 as 5h00 da manhã – partimos em direção a nova área de decolagem. Tínhamos céu estrelado, temperatura ambiente de 2 graus negativos e o vale do Rio Fujigawa, distante há 30 km do Fuji, nos esperava.

06h50min  – o balão já estava pronto para partir. Todos os equipamentos foram cuidadosamente checados e após um último briefing com a equipe de solo finalmente aqueci um pouco mais o balão para ganhar o céu.

Toda a região ao norte do Fuji é muito montanhosa, mantive uma subida constante que a cada momento aumentava o meu ângulo de visão – olhando para noroeste avistava vários picos nevados.

2.300 m de altitude – após atravessar uma fina camada de nuvens, vi surgindo a minha frente a silhueta do Fuji, realçada pelo sol que nascia naquele instante. A cada segundo a distância que me separava da cratera do vulcão diminuía. Não imaginava como seria olhar o vulcão de cima.

4.000 m  de altitude – recolhi a câmera de vídeo instalada do lado de fora do cesto, coloquei o equipamento de oxigênio e esperei ansioso para atingir a corrente de jato e confirmar todo o planejamento.

Durante alguns instantes repassei todos os cálculos. Pensei nos meses de trabalho e na fragilidade de um pequeno balão flutuando sobre a imensidão daquelas montanhas.

5.000 m de altitude – a velocidade naquele momento aumentava para 80 Km/h, o balão começava a girar um pouco e mudava sua direção para 120 graus – enfim o Jet Stream (corrente de jato) anunciava sua chegada!

A máscara de oxigênio dificultava a comunicação com a equipe de solo que esperava por boas notícias, acionei o transmissor VHF e enviei o próximo boletim:

Altitude: 6.000 m
Temperatura ambiente: 05º negativos
Velocidade solo: 130 Km/h
Direção: Fuji San!

A emoção em voar em uma velocidade tão grande a bordo de um balão era indescritível! Quanto mais em direção a um Vulcão!

Finalmente pude observá-lo de perto… reverenciando-o entrei num estado letárgico…e quando percebi já estava na hora de me atentar para o pouso – outra grande questão a ser administrada.

A segunda metade do voo também se mostrou muito difícil. Após sobrevoar o Fuji San o grande desafio agora era encontrar uma área segura para realizar o pouso. Toda a região ao redor do vulcão é muito montanhosa, é de difícil acesso, o que exigiu mais de 01 hora de voo com o balão estabilizado em 2.400 m. Naquele momento estava seguindo em direção ao Oceano Pacífico.

8h05 – apenas a 10 km do mar, após 2h15′ de voo, foi necessário atingir a velocidade terminal de descida para finalmente pousar na planície litorânea.

Ao olhar para trás… lá estava ele, como sempre, imponente e “quase” inatingível.

Agradecimentos ao patrocinador do Projeto:

Axe Adventures (Unilever)

SOBRE A AIR BRASIL

A AirBrasil Balonismo, criada pelo empresário e piloto comercial Feodor Nenov Jr, é uma empresa especializada em atividades com balão de ar quente atuando desde 1995 com destaque em vários segmentos: corporativo, educacional, de pesquisa, jornalístico e esportivo.

Tivemos o privilégio de descobrir o universo dos voos de balão e queremos compartilhar com você esta oportunidade única para conhecer a máquina mais antiga de voar!

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