FL 300 Recorde de altitude

Recorde de AltitudeFligth Level 300 / 9.040m altitude

No dia 8 de julho de 2001, o piloto Feodor Nenov alcançou a marca de 9.040 m, quebrando seu próprio recorde, de 6.000 m de altitude quando sobrevoou o Monte Fuji no Japão, estabelecendo um novo recorde sul-americano de altitude para a categoria de balões a ar quente com até 2.200 m3 de volume, e também o recorde absoluto que inclui todas as categorias. O voo durou 1h10, com decolagem na cidade de Rio Claro/SP e pouso no município de Piracicaba/SP, totalizando um percurso de 30 km.

O Desafio…

As condições encontradas a 9.000 m são muito extremas. A temperatura ambiente fica próxima de 40º C negativos, as correntes de ar encontradas no limite da troposfera atingem velocidades entre 100 e 150 Km/h e a pressão atmosférica é a metade da pressão encontrada ao nível do mar.

Recorde de AltitudeO maior risco nesta altitude é a falta de oxigênio – caso ocorresse alguma falha no equipamento de oxigênio eu perderia a consciência em menos de 1 minuto. Para poder respirar, levei oxigênio puro (O2), já que nesta altitude sua concentração é muito pequena, menos de 20% da quantidade existente ao nível médio do mar.

Utilizei um queimador especial alimentado com oxigênio, essa alteração permitiu que a chama piloto se mantivesse acessa durante todo o voo pronta para inflamar o gás propano utilizado para aquecer o balão.

Para atingir este nível de voo, geralmente utilizado apenas pela aviação comercial, foi preciso uma autorização especial junto a aeronáutica.

O voo foi monitorado pela Academia da Força Aérea de Pirassununga, através de um transponder instalado no balão.

Recorde de Altitude

Diário de bordo

07 de julho – véspera do grande dia! Perdi a conta de quantas vezes verificamos os equipamentos, afinal, qualquer falha no equipamento de oxigênio ou no queimador seria fatal. Fizemos dezenas de ” check lists “, tudo era repassado minuciosamente. Todo o equipamento era  revisado juntamente com a roupa de montanhismo que eu usaria para enfrentar os 40 graus negativos  – faziam parte do equipamento e tinham um limite máximo de peso.

Repassamos também os cálculos da relação do peso de combustível X consumo X altitude atingida.

Dia 08 as 5h45 – chegamos à cidade de Rio Claro, interior de São Paulo e minha equipe de aproximadamente 15 pessoas se dividiu entre a inflagem do balão, minha preparação com os equipamentos de oxigênio, montagem do equipamento e o resgate. Havia também um oficial da Associação Brasileira de Balonismo (ABB) designado para acompanhar todo o voo, cumprindo as exigências para a homologação do recorde. A decolagem estava prevista para 6h30

Recorde de Altitude

6h32 – Decolo e inicio a subida, que fora estipulado anteriormente em meu planejamento, numa razão de 3,0 m/seg.

6h40 – Percebo que minha respiração está muito alterada, preciso me acalmar e respirar mais devagar, neste ritmo a reserva de oxigênio não será suficiente para realizar a descida.

6h50 – Tudo dentro do planejamento, minha estratégia foi fazer uma subida rápida para compensar a pequena quantidade de combustível, estou subindo a 3,0 m/s e a temperatura no topo do balão está se mantendo próxima de 110º C.

7h05 – Cruzo a marca de 6.000 m, quebrando meu antigo recorde. Faço mais um contato com o controle de tráfego de Pirassununga informado minha posição, direção e velocidade de voo e informo que pretendo continuar a subida para atingir a marca de 9.000 m. A máscara de oxigênio dificulta a comunicação, mas percebo claramente a torcida dos controladores de voo.

Recorde de Altitude

7h15 – Próximo dos 8.000 m tenho que reduzir a velocidade de subida já que a temperatura no topo do balão se aproxima dos 120º C, limite máximo para não danificar irremediavelmente o balão. Mais uma conferida nos manômetros do oxigênio e também do combustível, tudo Ok vamos em frente!

7h20 – Perco momentaneamente o contato via rádio com minha equipe de apoio… penso neste momento na apreensão de todos, mas acabo gostando da solidão neste momento tão único, sinto-me ofegante dentro da máscara de oxigênio. A paisagem é maravilhosa, uma linda manhã de inverno com céu azul e visibilidade total. O queimador responde muito bem na altitude em que me encontrava.

7h22 – Exatamente após 50 minutos de minha decolagem o barógrafo acusa o novo recorde de altitude, 9.040 metros! Informo pelo rádio o sucesso de nosso voo e ouço o grito de  todos. Faço algumas fotos e por alguns instantes consigo saborear este pequeno momento.

7h35 – 8.850 m, faço mais uma foto do barógrafo registrando outro momento muito importante, estava voando agora na mesma altitude do Monte Everest. Mesmo estando no interior do estado de São Paulo as condições do ambiente neste momento são exatamente iguais as encontradas por um alpinista que estivesse no topo da montanha mais alta do mundo.

7h40 – Inicio a descida deixando o balão esfriar, neste momento começo a sentir os efeitos da baixa temperatura. Durante a subida sempre estive protegido pela esteira de calor deixada pelo ar aquecido pelo balão, agora só encontro pela frente o ar frio próximo de  40º C negativos.

8h10 – Depois de 40 min. descendo a uma velocidade de 5,0 m/seg. pouso o meu balão próximo à equipe de apoio, finalmente agora é só comemorar!

Recorde de Altitude

AGRADECIMENTOS

      * Apoio:

  • ABB – Associação Brasileira de Balonismo
  • Academia da Força Aérea de Pirassununga
  • Destacamento de Proteção ao voo de Pirassununga
  • Aeroclube de Piracicaba
  • Aeroclube do Brasil
  • Aeromagic Balonismo
  • AGA – Gases Especiais
  • Centro Meteorológico Aeronáutico de Guarulhos
  • CINDACTA Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo de Brasília e Curitiba
  • DAC – Departamento de Aviação Civil – Aerodesporto
  • Du Pont do Brasil
  • Edra Helicentro Escola de Pilotagem – Ipeúna – SP
  • EPTV – Campinas
  • Escola de Paraquedismo Azul do Céu – Piracicaba
  • Escola de Paraquedismo Sky Pira – Piracicaba
  • Grade VI – Equipamentos para Aventura
  • Hangar 5 – Piracicaba
  • Núcleo do Instituto de Fisiologia Aeroespacial – RJ
  • Rádio Eldorado FM – SP
  • Serviço Regional de Proteção ao Voo – Divisão de Operações – SP
  • V Filmes
  • White Martins – Gases Especiais
  • 16º GD – Quartel do Corpo de Bombeiros de Piracicaba

* Colaboradores Técnicos:

  • Christian Lima do Amaral
  • Jonathan A Thornton  (in memoriam)
  • Orlando Genicolo Filho
  • Prof. Rubens Vilella – Meteorologia USP
  • Thomas Milko

* Equipe de Apoio:

  • Alecsander da Silva
  • André Luis Rodrigues Furlan
  • Davi Iannibelli
  • Fernando Ribeiro Furlan
  • Gilberto Ribeiro Furlan
  • Idvaldo Luis Galani (in memoriam)
  • José Renato Travagline Esteves
  • Luiz Fernando Manesco
  • Maria José Briz Martines
  • Renato Pereira Castilho
  • Robison Luis Galani
  • Rodrigo Varela Simões
  • Salete Csik

E tantos outros que nos ajudaram a conquistar mais um recorde.

SOBRE A AIR BRASIL

A AirBrasil Balonismo, criada pelo empresário e piloto comercial Feodor Nenov Jr, é uma empresa especializada em atividades com balão de ar quente atuando desde 1995 com destaque em vários segmentos: corporativo, educacional, de pesquisa, jornalístico e esportivo.

Tivemos o privilégio de descobrir o universo dos voos de balão e queremos compartilhar com você esta oportunidade única para conhecer a máquina mais antiga de voar!

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